12 março, 2004

Epá, tu tá calado!

Depois de, há cerca de três semanas, ter falado sobre uma expressão que me causava algum desagrado resolvi criar aqui a modos que uma rubrica sobre expressões irritantes, estúpidas ou engraçadas que ouvimos diariamente. O meu caro colega HC já tinha falado sobre fazermos uma rubrica e eu lembrei-me desta para não sair muito da onda estúpida deste blog. Para esta rubrica conto com a ajuda do meu colega e amigo assim que tiver os problemas informáticos, que o assaltam, resolvidos.
Pois muito bem, a expressão sobre a qual falarei hoje é precisamente aquela que dá o título a este post: “ Epá, tu tá calado.” Esta é uma expressão que ouvimos vezes sem conta nas histórias contadas por amigos mais efusivos, e pode ser usada por vários motivos: ou porque é mesmo da pessoa, ou porque não há reacção de quem ouve a história ou para roubar indecentemente a palavra a outra pessoa (sim, tenho alguns complexos por ninguém me dar atenção). Não são raras as vezes que a seguir a esta expressão se segue outra que muitas vezes gera um impasse: “Epá, nem te digo nada.”
E passo a exemplificar as variadíssimas formas como esta expressão pode ser usada:

Situação 1:

“- Epá, ontem ia sendo assaltado por três pintas!
- Foi ?!
- Epá, tu tá calado! Nem te digo nada!”

Muito bem, esta pode-se considerar a situação mais aceitável, em que a expressão assume aqui apenas a função de dar ênfase a descrição da situação. Admissível.

Situação 2:

“- Epá, ontem vi-me numa situação que mais parecia vinda do cinema pá!
- Conta lá!
- Epá, então não é que depois de estar meia hora na fila do Multibanco chego lá e não havia notas para levantar!!
- (…)
- Epá, tu tá calado. Não tás bem a ver...!”

Este é o tipo de situação em que o orador tenta dar importância e ênfase exagerado a um acontecimento que não interessa para nada ou que acontece milhares de vezes a toda a gente. Normalmente segue-se um silêncio incómodo. Menos aceitável.

Situação 3:

“- Ontem vinha no metro e não é que…
- Epá, tu tá calado. E eu, que tive uma hora parado lá dentro com aquilo avariado.
- Ok, mas o que se passou comigo foi…
- Não tás bem a ver, uma hora!!!
- (…)
- Uma hora…”

Este é o tipo de situação característica daquele tipo de pessoas que só sabem falar, e não conseguem ouvir o que têm a dizer as outras pessoas (uma vez mais são notórios os meus complexos). Roubam a palavra como podem mesmo que não tenham nada para dizer. Muitas vezes as pessoas com voz mais grossa lá se conseguem impor mas é comum verem-se os espécimes que não ouvem a rebolar os olhos. Inadmissível. LR

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