19 novembro, 2008

Ironia

Bandeira, DN 19/11/08

O Magalhães

Se há coisa que me orgulho é do computador Magalhães.

A começar pelo nome. Magalhães! É bonito de se pronunciar. E é também alusivo à história de Portugal e do que mais nos orgulha como portugueses, os Descobrimentos, invocando assim Fernão de Magalhães, português que fez a primeira circum-navegação do mundo ao serviço do Reino de Castela!

Não havia navegadores portugueses que tivessem feito qualquer coisa extraordinária ao serviço de Portugal e que pudessem dar o nome a um computador?

Bartolomeu (alusivo ao Bartolomeu Dias), era descobridor, era português, trabalhava para Portugal e ainda não tem nenhuma ponte, torre ou centro comercial com o nome dele.

Pero! (alusivo a Pero Vaz de Caminha). Era mais um escrivão, mas estava lá quando se descobriu o Brasil e escreveu uma carta bem bonita ao Rei de Portugal e se os americanos têm a Apple, porque não poderíamos nós ter o Pero?

Ou o Brites, por exemplo... (alusivo a Brites de Almeida, mais conhecida como Padeira de Aljubarrota), não andava de barco, mas sempre deu porrada nos espanhóis, não foi trabalhar para eles.

Eu comprava um Brites!

Deram o nome de um descobridor ao computador, mas quem vão ter que ser uns grandes descobridores serão os pobres dos miúdos para encontrarem os Magalhães oferecidos às escolas.

Então não é que o senhor Sócrates vai fazer propaganda para escolas, a dizer que oferece computadores e trinta por uma linha e, quando a festa acaba, os computadores voltam todos para o caixote onde tinham chegado?

Pois é!

Ou o Magalhães e o Sócrates são verdadeiramente inseparáveis, ou anda para aí Cambalacho! HC

18 novembro, 2008

O entendido da música

  • O entendido da música aprecia um concerto de forma muito diferente da do comum mortal: braços cruzados, cigarro na mão, perfeitamente imóvel, esgar frio, de desconfiança, nunca se rebaixando ao artista sob a forma de aplausos no fim das músicas.

  • O entendido da música decompõe cada música, analisando individualmente o seu ritmo, métrica, duração, altura, timbre, polifonia, e outras tantas características objectivas.

  • O entendido da música não gosta de instrumentos pouco convencionais.

  • Ao entendido da música a, assim denominada, ‘boa onda’ causa cólicas.

  • O entendido da música despreza a opinião do comum mortal sobre música, fazendo questão de imediatamente colocar o comum mortal no seu lugar evocando um qualquer álbum dos anos 80 de que só um conesseur poderia ter ouvido falar.

  • O entendido da música nunca demonstra qualquer emoção ao ouvir uma música – a sua missão é avaliar a música, objectivamente.

  • O entendido da música jamais se permite mover ao ritmo de uma música.

  • O entendido da música nunca pula como um louco, nunca se abraça a alguém especial num concerto, nunca dança marimbando-se para o facto de não saber dançar, nunca acompanha o músico cantando a plenos pulmões.

  • O entendido da música jamais desfrutará da música em todo o seu esplendor e jamais terá legitimidade para falar de música. LR

O regresso - Parte XXXVII

Depois de 9 meses de ausência, com o objectivo de evitar o desgaste da minha imagem, eis que irei regressar à publicação neste famigerado blog.
Até já! LR