27 abril, 2006

O Drama

É com grande espanto que, de quando em vez, me vejo no meio das banalidades do dia a dia!
Depois de escutar uma conversa que me fez parecer que a guerra do Iraque quando comparada com a tirania de um professor que não tolera cábulas é uma coisa de meninos e que o drama Chernobil pode facilmente ser ultrapassado por uma unha partida, questionei-me sobre o que realmente importa, serão os nossos dramas diários o mais importante? Será que podemos dar o mesmo ênfase a uma borbulha que temos na testa que daríamos às vítimas de mutação por um acidente nuclear?
Vejo-me isolado no meio de dez pessoas quando, perante tal conversa, penso para mim próprio “mas para que raio quero eu saber que foste apanhada a cabular e que por causa disso não haverá amanhã?”, “devo contestar o que dizes, ou simplesmente fazer aquela cara de solidariedade, como se de pesar pelo falecimento de um ente querido se tratasse?”.
Chego a pensar que me estou a tornar num intelectual e que por isso só as questões de cariz mundial e realmente catastrófico me perturbam!
Mas o que é realmente mais importante? Ter as pontas do cabelo espigadas, ou uma Guerra Nuclear?
Devo ser mesmo eu que me estou a tornar num intelectual! Será que deva ir ao médico? HC

32 anos de Liberdade


Que Niguém se esqueça Nunca, nem questione uma vez que seja, se o que aconteceu a 25 de Abril de 1974 foi algo bom!
Porque não foi algo bom! Foi algo tão superior, a mais alta manifestação do Poder que o povo e só o Povo pode Ter!
Não se deixe cair no esquecimento que de há 32 para cá, Somos Nós Quem Manda!!!
A Revolução Somos Nós! E se Nós existimos! A Revolução Não Pode Morrer!
25 de Abril Sempre! Que ninguém se esqueça Nunca!!! HC

26 abril, 2006

A bandeira comunista

"Na segunda-feira, 11 de Agosto de 1975 o Centro de Trabalho do PCP em Braga foi destruído e incendiado após um ataque comandado por um grupo operacional do ELP, como mais tarde veio a ser revelado por numerosas investigações e directamente reconhecido por alguns dos membros do comando directamente envolvidos.
O «Avante!» enviara no fim de semana anterior para Braga um seu colaborador fotógrafo, uma vez que corriam insistentes boatos de incidentes em Braga na segunda-feira por (como sucedeu em diversos outros actos terroristas) ser dia de feira. Tendo resolvido pernoitar no Porto, o repórter chegou a Braga a meio da manhã verificando então que os provocadores haviam já desencadeado as agressões e que o Centro de Trabalho (onde se encontravam numerosos militantes) estava já cercado.
Apedrejamentos e tentativas de fogo posto sucederam-se ao longo do dia, tendo – de forma equívoca nunca inteiramente esclarecida – os defensores do Centro acabado por ser retirados por uma força militar que deixou o edifício entregue aos fascistas que completamente o destruíram e incendiaram.
Tomado pelos provocadores como um repórter que lhes era favorável, o fotógrafo do «Avante!» pôde assim obter ao longo do dia as mais extraordinárias imagens da violência fascista à solta, muitas das quais foram publicadas na edição seguinte do «Avante!», a 14 de Agosto.
Para essa mesma quinta-feira, a Direcção da Organização Regional de Lisboa convocara para o hoje Pavilhão Carlos Lopes um comício de solidariedade com os camaradas das organizações atingidas pelo terrorismo e de exigência de medidas de salvaguarda da ordem democrática.
Na redacção do «Avante!» decidimos montar num dos átrios do Pavilhão uma exposição com ampliações das fotos de Braga, de que só uma pequena parte havia sido publicada no jornal. Feitas as ampliações, colocou-se o problema das legendas – que acabou a ser um duplo problema...
A questão era que as imagens tinham uma força tal que qualquer palavra, qualquer frase parecia estar ali a mais. Contudo...
Lembrámo-nos então, telefonou-se ao Zé Carlos para a Espiral, agência de publicidade onde trabalhava, e dissemos-lhe do problema: «Não serias capaz de fazer aí qualquer coisa, uns versos com força, isto não há legendas que resolvam isto...». «Esperem lá um bocado que eu já ligo.»
Meia hora depois o telefone tocava e ouvia-se o vozeirão do outro lado: «Então vejam lá se esta coisa serve.»
Era A Bandeira Comunista. Copiada ao telefone, dactilografada e ampliada, iniciou nessa noite de luta um caminho que não findou jamais."


A bandeira comunista


Foi como se não bastasse
tudo quanto nos fizeram
como se não lhes chegasse
todo o sangue que beberam
como se o ódio fartasse
apenas os que sofreram
como se a luta de classe
não fosse dos que a moveram.
Foi como se as mãos partidas
ou as unhas arrancadas
fossem outras tantas vidas
outra vez incendiadas.

À voz de anticomunista
o patrão surgiu de novo
e com a miséria à vista
tentou dividir o povo.
E falou à multidão
tal como estava previsto
usando sem ter razão
a falsa ideia de Cristo.

Pois quando o povo é cristão
também luta a nosso lado
nós repartimos o pão
não temos o pão guardado.
Por isso quando os burgueses
nos quiserem destruir
encontram os portugueses
que souberam resistir.

E a cada novo assalto
cada escalada fascista
subirá sempre mais alto
a bandeira comunista.

Ary dos Santos

21 abril, 2006

Pensamento

Não consigo parar de Pensar
Isto tem que acabar
Já me está a enervar
Mas não consigo parar de Pensar

Quando penso trago na lembrança
Reflexões que nem o sonho alcança
Quando penso perco a esperança
Tristeza que me tira toda a confiança

Pensamentos que me varrem a mente
Imparáveis, por mais que tente
Perturba-me toda esta gente
Que só vê o que está em frente

Pensamento que me faz calar
Traz a revolta que me obriga a gritar
Por mais que tente ocultar
Só me resta continuar a Pensar. HC

10 abril, 2006

Circo das Enormidades

Hoje vi o circo das celebridades. E estranhamente encontrei um programa muito cativante. Não tanto pelas qualidades de José 'a Coisa' Castelo Branco como domador de leões, mais pela expectativa de ver um qualquer leão num momento de lucidez, que a droga permita, devorar José, e porque não Victor Hugo Cardinalli.
No fundo, a expectativa de ver em directo o melhor programa de televisão de sempre. LR

07 abril, 2006

TV Caca...

A pedido de várias famílias… pronto foi só a família kamandro, mas como todos sabemos esta família tem um enorme peso nas nossas decisões. (estou a divagar!)
No outro dia, quando estava a fazer o zapping habitual, reparei num novo canal, que veio substituir o GNT e dá pelo nome de Record TV, até aqui tudo bem, já me tinham falado nesse canal, que dava jogos do campeonato brasileiro de futebol e tal, eu ao ver dois indivíduos engravatados num cenário de telejornal deixei-me ficar por ali, não tardei a perceber que aquilo se tratava de um programa religioso!
Ainda sem saber de que religião ou ceita se tratava, já rebolava no chão de tanto rir! Pelos vistos eles têm um livro de preces e as pessoas telefonam para lá, dizem umas coisinhas, os problemas da vida deles, etc., e depois os dois pastores (os tais indivíduos engravatados), juntam o nome do telespectador ao livro das preces e no final do programa fazem aquilo a que deram o nome de “Prece Poderosa”!
Por este momento já devem ter percebido que a ceita responsável por este programa é a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).
Fez-me lembrar quando o Nilton telefona para um daqueles bruxos e pede se o poderiam ajudar, pois tem um vírus no computador, ao que o bruxo responde que vai fazer uma “Prece Poderosa” que vai tratar do assunto!
Também temos na TV nacional programas de grande interesse, como o Ab…sexo! É serviço público informativo, só não aconselho ninguém com dúvidas reais a telefonar para lá, porque vai terminar o telefonema mais confuso do que estava à partida!
É que aquela senhora o que não sabe inventa!
Também temos os nossos chamados telejornais, que me fazem crer que todos os dias estamos à beira de um holocausto nuclear, ou que vamos todos morrer com a gripe das aves (doença esta que em 9 anos depois de ser descoberta já matou 100 pessoas, qual SIDA, qual cancro, gripe das aves é que é perigosa), também me parece que se eles não dão pelo menos três noticias que envolvam mortes o dia lhes correu mal e que em alguns deles o circo das celebridades, ou o qualquer reality show que esteja no ar na altura, tem prioridade sobre noticias de importância mundial!
Também gosto muito da programação variada de algumas estações nacionais, que só interrompem as novelas para dar notícias, até às 3h da madrugada dão novelas, é impressionante o número de novelas que se fazem hoje em dia! Noutras estações temos a novelas que eu gosto de chamar de “Fabrico Caseiro”, parece que são criadas por um grupo de adolescente que estudam audiovisuais, mas que pelos visto não devem ter grandes notas, visto o resultado final!
Gosto também dos programas de humor nacionais, até à data ainda não me tinha apercebido que as pessoas se riam à gargalhada quando olham para mulheres seminuas, achar piada eu acho (sempre achei piada a mulheres seminuas), agora daí a ser humor! Eu tenho muitas categorias onde inserir mulheres seminuas e acreditem, humor não é uma delas!
Mas felizmente ainda temos alguns programas que continuam a tornar a pequena caixinha (cada vez maior), mágica! HC

02 abril, 2006

Both Sides of The Gun

O Mestre (há quem lhe chame Ben Harper) está de volta! Desta feita com um duplo CD onde se consegue enfiar quase toda a sua carreira. Um dos CD’s com temas mais acústicos, mais introspectivo, o outro com guitarradas mais ácidas que escasseavam nos últimos álbuns, e que faziam já imensa falta. Dizer que neste álbum cabem temas sobre Amor, sobre o furacão Katrina e, subentende-se, sobre o Iraque é meio caminho andado para defini-lo. Mas não o seu estilo. Deve ser um tormento para o Media Player dizer qual o estilo do álbum: funk, rock, soul, blues, bem ao estilo de Ben Harper.
No gira-discos aqui do macacos está um dos temas, onde Ben Harper crítica a inércia do governo americano face à tragédia do furacão Katrina, e que me ficou especialmente no ouvido após a primeira passagem. Não me lembro de outro disco onde o Ben critique tão directamente uma situação o que nos dá uma ideia do seu desencanto social nos tempos que correm. De resto, desde o “Fight for You Mind” que não aparecia tanto a faceta contestatária do Ben.
Para devorar. LR


Black Rain

you left them swimming for their lives
down in new orleans
can't afford a gallon of gasoline
with your useless degrees
and your contrary statistics
this government business
is straight up sadistic

you don't fight for us
but expect us to die for you
you have no sympathy for us
still i cry for you
you may kill the revolutionary
but the revolution you can never bury

don't you dare speak to us
like we work for you
selling false hope like some new dope
we're addicted to

i'm not a desperate man
but these are desperate times at hand
this generation is beyond your command

it won't be long till the people flood the streets
and take you down
one and all

a black rain
is gonna fall