28 janeiro, 2016

Corpo Nacional de Tabefes

Diariamente, por esse Portugal fora, assistimos às mais gritantes exibições de falta de civismo, estupidez na sua forma mais pura, falta de respeito pelo meio ambiente e pela natureza e, em suma, à total ausência de educação para a interacção numa sociedade civilizada, ou para residir na aldeia dos macacos que seja.

Face à situação actual, propunha a criação de um Corpo Nacional de Tabefes, que na minha ideia consistiria na criação de equipas bem treinadas de agentes incorruptíveis que discretamente patrulhariam as ruas, estariam presentes em estabelecimentos de prestação de serviços, parques de merendas, centros comerciais, etc… Um em cada esquina seria o ideal, mas sei que face ao panorama económico nacional, a única coisa que conseguiríamos pagar para ter em cada esquina seriam Salazares sem amigos.

A única acção que estes agentes iriam realizar seria a aplicação de um tabefe bem aviado, dentro dos trâmites legais, a qualquer perpetrador, sem explicações, sem reprimendas, uma singela bofetada com toda a força na face.

Estes agentes estariam sempre à paisana, pois o efeito surpresa seria essencial.

Mediante a infracção, o agente procederia à aplicação de diferentes tipos de tabefe, que variariam entre a lamparina nos queixos, à bofetada com um bacalhau seco nas fontes, mas posteriormente o castigo seria definido mediante o delito.
Um indivíduo que vem a conduzir sem cinto de segurança e depois estaciona num lugar para deficientes, logo à saída da viatura deverá levar com um gato morto na tromba até miar, isto apenas a título exemplificativo.


Como cidadão creio que esta medida seria um avanço civilizacional, uma vez que está comprovado que ninguém liga a reprimendas, multas ou reconhece alguma vez que errou, esta medida a curto prazo tornar-se-ia preventiva, pois para evitar levar uma lambada no focinho os cidadãos cumpririam as regras da boa convivência em sociedade e com o meio ambiente, que conhecem, mas que diariamente, no meu ver por falta de consequência, escolhem ignorar. HC

12 janeiro, 2016

Eu e o Meu Cavaquinho...

Tenho 30 anos e venho falar-vos de algo que me acompanha aproximadamente desde que me lembro de existir e ter consciência do que me rodeia.
O meu Cavaquinho, mas não sou egoísta, o Cavaquinho de todos nós afinal.

Era uma criança quando tomei conhecimento de que éramos governados por alguém e que esse alguém era o Cavaquinho, o nosso Primeiro-Ministro, depois também havia o senhor que andava de tartaruga, mas esse era mais como um Rei, era o Presidente da República, não me lembro de nada antes disso, apenas sabia que chamar fascista a alguém era o pior insulto de todos e que os do CDS eram fascistas.

E até ter dez anos os anos foram passando, uns melhor, outros pior, sei que os meus pais passaram períodos difíceis, alguns de nenhum trabalho, outros de muito trabalho e pouco dinheiro, de trabalho precário, de repressão de direitos e regalias adquiridos e sempre de incerteza no futuro, mais ou menos como os de hoje.

Em 1995 uma coisa era certa para mim, o Cavaquinho era mau, ninguém gostava dele! Mas ninguém mesmo! O tipo até o Carnaval tirou à malta! E isso é coisa que nem o Salazar fez! Só o Passos Coelho, mais recentemente…

Mas em 1995 tudo isso acabou, o Cavaquinho foi embora e não se voltou a ouvir falar muito nele, começou o tempo das vacas gordas para alguns, para nós as vacas mantiveram a linha, porque o dinheiro não esticava tanto para nós como parecia esticar para outros.

Quando o Cavaquinho se candidata para as eleições de 2006, para mim foi mais ou menos como a candidatura do Tino de Rans, não havia hipótese deste ganhar o que quer que fosse, ninguém gostava dele! Ninguém!

Ganhou… Comeu bolo-rei, segurou em cagarras…

E quatro anos depois ganhou outra vez… mas desta vez já não me surpreendeu muito porque já me tinha apercebido que os Portugueses são um bocado estúpidos e que as únicas coisas nas quais têm bom gosto e são exigentes é na Sardinha e na Entremeada. De resto comem qualquer merda!

Agora o Cavaquinho vai embora e ninguém gosta dele! Ninguém!
Mas quando falecer, em breve, vai para o panteão e disso não tenho dúvidas. HC


P.S. – Para quem lê na diagonal e tenha ficado a pensar que isto era uma estória sobre um instrumento musical, dá música, mas os instrumentos somos nós. O Cavaquinho é Aníbal Cavaco Silva!