Tenho 30
anos e venho falar-vos de algo que me acompanha aproximadamente desde que me
lembro de existir e ter consciência do que me rodeia.
O meu
Cavaquinho, mas não sou egoísta, o Cavaquinho de todos nós afinal.
Era uma
criança quando tomei conhecimento de que éramos governados por alguém e que
esse alguém era o Cavaquinho, o nosso Primeiro-Ministro, depois também havia o
senhor que andava de tartaruga, mas esse era mais como um Rei, era o Presidente
da República, não me lembro de nada antes disso, apenas sabia que chamar
fascista a alguém era o pior insulto de todos e que os do CDS eram fascistas.
E até ter
dez anos os anos foram passando, uns melhor, outros pior, sei que os meus pais
passaram períodos difíceis, alguns de nenhum trabalho, outros de muito trabalho
e pouco dinheiro, de trabalho precário, de repressão de direitos e regalias
adquiridos e sempre de incerteza no futuro, mais ou menos como os de hoje.
Em 1995 uma
coisa era certa para mim, o Cavaquinho era mau, ninguém gostava dele! Mas ninguém
mesmo! O tipo até o Carnaval tirou à malta! E isso é coisa que nem o Salazar
fez! Só o Passos Coelho, mais recentemente…
Mas em 1995
tudo isso acabou, o Cavaquinho foi embora e não se voltou a ouvir falar muito
nele, começou o tempo das vacas gordas para alguns, para nós as vacas
mantiveram a linha, porque o dinheiro não esticava tanto para nós como parecia
esticar para outros.
Quando o Cavaquinho
se candidata para as eleições de 2006, para mim foi mais ou menos como a
candidatura do Tino de Rans, não havia hipótese deste ganhar o que quer que
fosse, ninguém gostava dele! Ninguém!
Ganhou…
Comeu bolo-rei, segurou em cagarras…
E quatro
anos depois ganhou outra vez… mas desta vez já não me surpreendeu muito porque
já me tinha apercebido que os Portugueses são um bocado estúpidos e que as
únicas coisas nas quais têm bom gosto e são exigentes é na Sardinha e na
Entremeada. De resto comem qualquer merda!
Agora o
Cavaquinho vai embora e ninguém gosta dele! Ninguém!
Mas quando
falecer, em breve, vai para o panteão e disso não tenho dúvidas. HC
P.S. – Para
quem lê na diagonal e tenha ficado a pensar que isto era uma estória sobre um
instrumento musical, dá música, mas os instrumentos somos nós. O Cavaquinho é Aníbal
Cavaco Silva!
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