05 novembro, 2015

Crónica de Um Cordelito



Devo dizer que já fui a manifestações, nunca fui a nenhum cordão humano, mas manifestações já tenho várias no currículo e não me lembro de participar em nenhuma com cerca de mil pessoas, cheira a coisa caseirinha, mas temos que dar o desconto pelo amadorismo, é que já lá vão mais de 41 anos desde a última manifestação organizada pelo regime neste país e é daquelas coisas em que a experiência conta… a experiência e talvez o motivo também tenha alguma influência no resultado final.

No entanto, gostava de saudar a coragem destas cerca de mil pessoas que compareceram, é que apoiar este governo publicamente é o mesmo que dizer abertamente em conversa que se é racista, são duas coisas que é preciso coragem.

Também é sabido que muitas vezes a coragem e a idiotice andam de mão dada, tudo depende do resultado final, se correr bem foram corajosos, se a coisas dá para o torto são uns idiotas, neste caso… pronto…

O que não posso deixar de chamar a atenção é à projecção mediática que se dá a uma coisa destas.
Mais uma vez os nossos Media não desiludiram e tomaram o partido do dono, ora, também não vamos exigir que os profissionais dos meios de informação ponham em causa os seus postos de trabalho só porque o cordelito não esticou o idealizado e todos sabemos que a verdade está claramente sobrevalorizada.
É irreal assumir que nestas coisas os meios de comunicação sejam imparciais, não vamos viver utopias!
No entanto há pontos positivos, ficámos a saber que o factor de comparação de importância entre uma manifestação de direita e uma manifestação de esquerda é de cerca de 1 para 800.

Gostaria de também salientar a superioridade moral e a cidadania exemplar que caracterizam os apoiantes deste governo e as pessoas de direita em geral é que em comparação com aqueles bárbaros das esquerdas radicais e extremistas são uma lufada de ar fresco.

A única coisa que geralmente joga contra a direita são mesmo as ideias, é que entre um cidadão exemplar que defende o empobrecimento da maioria dos seus pares para benefício próprio e a besta que defende a igualdade entre os seus pares por vezes em prejuízo próprio, se calhar ficávamos mais bem entregues às bestas… HC

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