Quero começar este texto por elogiar o grande esforço que tem sido feito por parte dos meios de comunicação para tornar o debate político mais acessível ao eleitor comum.
Ainda assim, acho que devem livrar-se dessas amarras que ainda impedem de tornar o caminho para as eleições um verdadeiro espectáculo de entretenimento e para esse efeito tenho algumas propostas.
Para não estarmos a inventar a roda, proponho que se use um modelo semelhante ao já usado nos programas de talentos.
Começava com uma fase de casting, em que os políticos dos diversos partidos tinham um minuto para convencer o júri que os seus programas eleitorais eram dignos.
O ilustre Júri seria composto pelos mais conceituados comentadores da nossa praça, de preferência que tenham curso de ciências políticas tirado na Católica ou na Lusófona, para termos a garantia que os marxismos fiquem logo eliminados na primeira fase.
Nesta fase fica cumprido logo o dever de dar tempo de antena a todos os candidatos e eliminados os mais fracos, também para não estar a aborrecer o eleitor com escolha a mais.
Passamos depois à segunda fase do concurso: Batalha Versus
Nesta fase os concorrentes apurados vão-se defrontar numa
batalha de argumentos, com a moderação de Cristina Ferreira, escolhi por mérito
e porque vai ser difícil alguém gritar mais alto.
Estas batalhas de argumentos serão feitas em cima de um
palco, em frente ao nosso querido Júri e uma plateia ao vivo, o papel da
plateia é ir reagindo em tempo real, ao estilo Sitcom, para que as pessoas lá
em casa possam ir percebendo quem é que está a ganhar.
No final de cada batalha o Júri escolhe um vencedor, mas as
pessoas lá em casa já poderão votar para o nosso número de valor acrescentado,
esta escolha não vai ter influência na decisão do júri, mas será utilizada para
efeitos de sondagem e será sorteado aleatoriamente um telespectador para
receber um prémio equivalente a um ordenado mínimo, em cartão.
Esta fase não é a eliminar, os concorrentes vão ganhando
pontos, que podem trocar por mais tempo de antena ou mais notícias favoráveis,
assim como com o voto do público ganham uma vantagem na fase seguinte.
Passamos agora à terceira fase do concurso: Atuação a solo
Nesta fase os concorrentes vão dispor de tempo para falar, sem interrupções, excepto as manifestações da plateia.
O tempo que cada um terá para falar vai variar entre 5 e 30
minutos, consoante a votação obtida na fase anterior pelo voto do público, a
tal vantagem referida.
No final o Júri escolhe o vencedor. Esta escolha não é
vinculativa, mas serve para as pessoas lá em casa poderem decidir mais
facilmente, sem terem de estar eles a fazer grandes ponderações.
Fase Final: A Gala de Finalistas
Bom, nesta que é a fase final do nosso concurso, a Cristina
Ferreira vai fazer umas peças assim mais emocionais com os concorrentes, vai
haver um reviver dos melhores momentos do programa, o júri vai voltar a elogiar
os seus favoritos, ainda temos lugar para uns bloopers, notícias e escândalos
que foram acontecendo com os concorrentes.
Material para uma tarde inteira.
No decorrer de toda a gala os eleitores vão poder ligar para
o nosso número de valor acrescentado e votar naquele que será o próximo
primeiro-ministro.
Depois de fecharem as linhas dá-se uma projeção dos resultados,
o júri fala mais um pouco sobre nada.
Como final apoteótico, a Cristina apresenta o vencedor que
sobe ao palco, assina logo ali um papel qualquer que diz que o cargo é dele e
Festa!
Se é para gozar com a malta, ao menos entretenham-nos! HC