12 fevereiro, 2004

The Twilight Zone

Há dias resolvi ir passar umas horas a uma discoteca na berra. Aquilo que seria uma simples saída acabou por se transformar numa passagem pela twilight zone...
A noite começou calma, a correr ao ritmo da música. Mas não demorou muito a aperceber-me da realidade daquele local. Mas que raio se estava a passar?! Á minha volta dezenas de indivíduos idênticos: todos com o mesmo vestuário, todos com o mesmo penteado, todos com o mesmo sorriso, todos com um cigarro numa mão, todos com um copo com álcool na outra, todos acompanhados de indivíduos do sexo oposto iguais a todos os outros indivíduos do sexo oposto, todos populares, todos com as mesmas atitudes previsíveis, todos com os mesmos gestos predefinidos, todos eles sem a capacidade de questionar, todos apenas com vestígios duma personalidade que outrora esteve ali concerteza. No fundo era um exército de andróides, cuja única fonte de energia se tornara a pressão social exercida neles e por eles. Um sistema complexo mas extremamente eficaz. Mas todos eles com a felicidade estampada no rosto. Uma felicidade efémera, quem sabe inexistente, mas então porque raio quis eu ser como eles naquele momento? Ter aquela popularidade, aquele sucesso, ter aquela vida despreocupada, facilitada, altamente financiada pelos pais? Era a tal pressão, maldita droga, que também a mim começava a influenciar. Comecei a sentir-me como uma aberração no meio daquela gente, um desconforto enorme invadia-me, calor, suor.. Tive que sair dali. Quando cheguei cá fora respirei fundo, estava de volta à realidade, à verdadeira. Reflecti e estranhamente senti-me melhor comigo e por ser eu. Sorri. A aberração não era eu, eram eles... LR

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